sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mão Mulengas!


O Mamulengo é a forma mais primitiva e popular de teatro de bonecos brasileiro. Muito popular em Pernambuco, o brinquedo é representado em praças, feiras e ruas, com uma linha de ação dramática muito simples, inspirada diretamente nos fatos do cotidiano e interagindo com o público que constrói a trama. Mais do que qualquer boneco ele é ágil, rápido,expressivo, tanto quanto a mão humana pode ser.

As histórias do grupo Mão Mulengas, são previamente elaboradas e fundamentadas em pesquisa de cultura popular do Brasil, o espetáculo sempre vai de encontro às suas aspirações de amor,concórdia,bondade,justiça e beleza.
Com diálogos muitas vezes inventados na hora, de acordo com as circunstâncias e a reação do público, misturando animais humanizados, pessoas (vaqueiros,latifundiários e bandidos) e personagens fantásticos como o Diabo, a Alma, a Morte e a Sorte. Todos mostraram sempre fazer parte da grande família humana, emocionaram-se,brigam,perdoam,se apaixonam e enfrentam monstros que tanto contempla o sentido literal quanto figurado.
Procuramos formar senso estético, apresentar os valores, embarcá-los no universo da poesia e imaginação.é preciso saber que na performance de teatro de bonecos A poesia não advêm de frases poéticas ditas aqui ou ali , mas da união apropriada de elementos como ritmo,luz, som, cor,gesto,movimento e finalmente, a palavra falada.
Ao contrario do teatro convencional de atores, os bonecos são imortais, porque são idéias. Sabiamente Artaud disse “Teatro é poesia em movimeto no espaço”.

Nossos bonecos seguem um estilo expressionista,grotesco,e anti-herói romântico da literatura dramática.Tudo é sumario, reduzido, sintético.Há um problema a ser resolvido e deve-se correr para alcançar o ápice do conto e prender a atenção dos espectadores.
Ao contrario dos famosos contos de fadas, nossos bonecos-atores aos quais emprestamos nossas mãos e voz, são desconstruídos. O herói não é o rapaz elegante e corajoso, é preguiçoso e medroso. Nossa princesa não é renascentista, intocável mas sim uma boneca negra rastafári muito atrevida. É fundamental que tenha o viés humorístico.Bonecos não serão bons artistas de não fizerem rir. Grandes correrias, exageros,pancadarias e desmaios são fundamentais na ação cênica.

Desde o mais simples espetáculo ao mais requintado,bonecos são uma fonte inesgotável de criação artística,de trabalho em conjunto,de educação e prazer.Tanto nos podem transmitir a poesia de Shakespeare, como os anseios infantis de Chapeuzinho Vermelho,a personalidade de Lampião,os movimentos rasteiros da Boitatá,ou as complicações de um guarda-civil sem sorte.

Relacionado à educação percebemos que a criança é um ser que acredita e quando começa a deixar de acreditar ,finge que acredita. Deleita-se a imaginar o que foi apenas sugerido.
Aplicado à pedagogia, o teatro de bonecos é de inestimável valor,não somente porque faz a criança criar,manipular e viver um teatrinho,incentivando o espírito de grupo (onde todos são indispensáveis) como também por ser uma escola viva de bons hábitos.
A criança gravará e respeitará muito mais a figura de um boneco que saiu de cena para lavar as mãos e escovar os dentes, do que as recomendações abstratas que os pais ou professores lhes fazem nesse sentido. A autoridade de um boneco em cena é enorme;tão grande quanto a capacidade da criança em crer.

sábado, 22 de novembro de 2008

HORA DA HISTÓRIA NA ESCOLA!



Contar histórias é uma prática fundamental no processo de formação do cidadão e na consolidação de seus valores. As histórias são um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento psicológico e moral que podem ser utilizadas como auxiliadoras da manutenção da saúde mental do individuo em crescimento.

Contar e ouvir histórias traz, em si, um contato íntimo e acolhedor entre o contador e os ouvintes, desenvolvendo uma participação ativa da criança a partir da utilização de elementos do seu imaginário.
A narração promove um escutar e olhar que se traduz em percepções diversas sugeridas pelos elementos do conto, fazendo com que "sintamos" o frio, o medo, a paz, a felicidade, a fome, as cores, os cheiros, e as mais diversas sensações suscitadas pela história.
A criança sente-se, desta forma, estimulada a desenvolver, refletir e produzir diversas formas de expressão, o que possibilita o desenvolvimento e a expansão de suas potencialidades criativas e emocionais.

Ao enriquecer o vocabulário, as histórias instruem, ampliam o mundo das idéias e conhecimento, desenvolve a linguagem do pensamento educam e estimulam o desenvolvimento da atenção, da imaginação, observação, memória, reflexão e linguagem.

Há ainda outro fator importantíssimo para a prática de ouvir e contar histórias: A sabedoria popular divulgada oralmente cultiva a sensibilidade, que torna um fator importantíssimo por significar um desenvolvimento da descoberta da identidade e uma educação do caráter, tornada assim ainda mais habilidosa a prática da comunicação social, o respeito ao meio ambiente e a moralidade para com os semelhantes.

Os contos populares assumem a responsabilidade de transmitir a memória coletiva, que se mantém atual através dos anos, porque é o resultado das mais variadas experiências de vida, com as quais as pessoas ainda se identificam. Esta transmissão não se dá de forma passiva, pelo contrário, a literatura popular só permanece devido ao fato de que se adapta e incorpora elementos do presente.

Podemos exemplificar tal afirmação através do livro “Contos tradicionais do Brasil”, coletânea feita pelo mestre folclorista antropólogo Câmara Cascudo na primeira metade do século XX.Nesta obra é possível identificar os traços da oralidade nas histórias cheias de encantamento, que há muito fazem parte do nosso imaginário e que continuam ainda hoje a atuar como meio de criação, reinvenção e atualização da memória coletiva e da nossa própria história de vida. Em meio a diversidades tecnológicas, o Projeto se faz necessário para estimular a sensibilidade e a imaginação nas crianças envolvidas pelo trabalho de seus pais nas feiras. Em plena virada de milênio, quando alguém se propõe a contar uma história no meio de um círculo de pessoas na verdade cumpre um desígnio ancestral porque nesse momento, ocupa o lugar do xamã, do bardo celta, do cigano, do mestre oriental, daquele que detém a sabedoria e o encanto, do

Porta-voz da ancestralidade e da sabedoria. Nesse momento ele exerce a arte da memória. Em suma, além de todos os benefícios justificados acima as histórias ainda recreiam, distraem, aliviam a sobrecarga emocional e auxiliam, muitas vezes, a resolver conflitos emocionais próprios.